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Anatomia de um fraudador: o que revelam os dados móveis alternativos?

Na detecção de fraudes, os dados móveis alternativos tornaram-se uma ferramenta essencial para identificar comportamentos suspeitos sem comprometer a privacidade do usuário. Esses dados — que incluem padrões de chamadas, envio e recebimento de SMS, frequência de troca de dispositivos e preferências de conexão — permitem detectar condutas de atividade incomuns que podem estar associadas a fraudes.

Cibersegurança na América Latina: Onde estamos?

O rápido crescimento das plataformas digitais revelou vulnerabilidades que os cibercriminosos exploram, especialmente em países como México e Brasil. Em resposta, os bancos aumentaram seus investimentos em cibersegurança, adotando tecnologias como autenticação multifatorial e inteligência artificial para detectar ameaças.

No México, os dados da mais recente Pesquisa Nacional de Vitimização e Percepção sobre Segurança Pública (ENVIPE) 2024, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística e Geografia (INEGI), mostraram que, em 2023, o crime mais comum foi a fraude (incluindo bancária e ao consumidor), com uma taxa de 6.962 por 100 mil habitantes, representando 21% do total.

Esses números refletem a crescente ameaça da fraude digital na região e reforçam a importância de implementar ferramentas avançadas de detecção e prevenção, como os dados móveis alternativos.

Vantagens dos dados móveis alternativos

Um dos aspectos mais destacados dos dados móveis alternativos é sua capacidade de revelar tendências e comportamentos dos usuários sem a necessidade de instalar aplicativos específicos ou SDKs nos dispositivos.

Diferentemente de outras abordagens, as informações são coletadas diretamente pelas operadoras móveis, o que permite ampliar a cobertura e alcançar uma base de usuários muito maior. Isso é fundamental em países como o México, onde o acesso a serviços financeiros formais é desigual e existem segmentos da população que não se enquadram nos sistemas tradicionais.

Sinais de alerta: Como identificar um fraudador?

Mas o que exatamente esses dados nos dizem sobre os fraudadores? Imaginemos uma linha telefônica que apresenta uma atividade de SMS extremamente baixa ou alta: segundo dados da Bemobi, essa linha tem 70% mais chances de estar associada a fraudes. Da mesma forma, um chip que troca de dispositivo três ou mais vezes em um curto período indica alta probabilidade de atividade fraudulenta. Esses indicadores, aparentemente isolados, quando combinados, aumentam em 150% a probabilidade de identificar um usuário como possível fraudador.

Outro dado relevante é que as linhas móveis mais utilizadas para fraudes costumam ser números pré-pagos novos. Portanto, se a variável “tempo de uso” é muito curta e, além disso, há muitas chamadas realizadas: há uma alta probabilidade de que estejam tentando contatar potenciais vítimas. Esse padrão representa um uso atípico em comparação a um usuário comum e constitui um importante indicador para o sistema financeiro.

Ao considerar o uso desses dados nos processos de identificação de fraudes, não apenas se melhora a proteção dos usuários finais, como também se otimizam os custos operacionais e se reduzem as fricções durante o onboarding e a avaliação de riscos. Além disso, esse tipo de solução complementa os mecanismos antifraude existentes, aumentando sua eficácia. Dessa forma, os dados móveis alternativos permitem que bancos e fintechs estejam em uma posição mais segura diante da crescente sofisticação das fraudes digitais, sem comprometer a experiência do cliente.

Iniciativas para a adoção de dados móveis alternativos

Outro avanço importante que facilitou a adoção dos dados móveis alternativos é o Open Gateway, liderado pela GSMA. Essa iniciativa facilita o acesso a dados móveis por meio de APIs padronizadas que permitem a terceiros, como instituições financeiras, integrar capacidades da rede, como autenticação e localização, de forma rápida e simples.

A capacidade de integrar essas fontes de dados com agilidade é vital em um cenário onde os padrões de fraude evoluem constantemente e onde a capacidade de reação pode determinar a diferença entre mitigar uma ameaça ou se tornar vítima dela.

Na América Latina, operadoras como Claro, TIM e Vivo, no Brasil, implementaram serviços antifraude por meio do GSMA Open Gateway para fortalecer a segurança digital. No México, a Telcel e outras operadoras planejam aderir à iniciativa no próximo ano.

Os dados móveis alternativos tornaram-se uma peça fundamental no mecanismo de prevenção a fraudes financeiras. Eles não apenas permitem traçar o perfil de um fraudador, como também oferecem um caminho eficaz e ágil para prevenir fraudes em tempo real. Em um ambiente onde a confiança é essencial, o uso inteligente desses dados desponta como uma das vias mais promissoras para proteger consumidores e instituições, promovendo um ecossistema financeiro mais seguro e acessível para todos.