A inovação nos métodos de pagamento e a digitalização estão transformando o setor energético no Brasil, reduzindo significativamente a inadimplência nas distribuidoras de energia e melhorando o relacionamento com os consumidores. Pedro Ripper, CEO da Bemobi, destacou em entrevista ao meio especializado Brasil Energia que a chave para reduzir a inadimplência está em ampliar e flexibilizar as opções de pagamento disponíveis para os consumidores.
Flexibilizar os métodos de pagamento pode mudar radicalmente o cenário que vemos hoje. Atualmente, cerca de 80% da população economicamente ativa no Brasil possui cartão de crédito. Isso oferece novas oportunidades para renegociar dívidas além do tradicional boleto bancário.
Pedro Ripper, CEO da Bemobi
Essa mudança é impulsionada pela crescente digitalização bancária no Brasil, alimentada pelo uso massivo do Pix e pela expansão dos bancos digitais.
Essa combinação resultou no fato de que 90% da população conta com algum tipo de conta bancária, acelerando ainda mais a adoção de métodos digitais para o pagamento de faturas de energia.
Pedro Ripper, CEO of Bemobi
Casos de sucesso: como as distribuidoras estão aplicando a inovação digital?
Empresas como a Equatorial Energia e a Neoenergia já observam resultados concretos dessas inovações. A Equatorial, por exemplo, integrou o Pix em seus canais digitais, incluindo um assistente virtual via WhatsApp, facilitando transações rápidas e eficientes para os usuários.
Ruan dos Reis Alves, superintendente de Gestão Comercial da Equatorial, destacou o impacto positivo dessas inovações:
A inclusão de métodos como Pix e cartões de crédito, bem como a otimização dos nossos processos de campo, resultou em uma redução aproximada de 8% nos cortes por falta de pagamento. Nosso objetivo é continuar ampliando essas facilidades para beneficiar toda a nossa base de clientes.
A Neoenergia, por sua vez, também aposta na modernização digital como estratégia-chave para combater a inadimplência. Gabriel Ribeiro, gerente de Estratégia de Redução de Inadimplência do grupo, ressaltou a importância de combinar inovação tecnológica com comunicação ativa:
O sucesso desses novos métodos reside na integração efetiva da digitalização dos serviços com o aumento da bancarização dos consumidores. Além disso, implementamos condições especiais e comunicação proativa para incentivar a regularização de pagamentos por meio de nossas plataformas digitais.
Uma das inovações destacadas por ambas as empresas é a transformação do papel do leitor de medidores, que agora utiliza dispositivos móveis para realizar cobranças imediatas. Isso facilita não apenas o recebimento de pagamentos em tempo real, mas também permite oferecer orientação financeira diretamente no local.
No entanto, Ripper observa que a adoção completa dessas inovações ainda enfrenta desafios significativos:
As distribuidoras aproveitam apenas 10% do potencial que a digitalização dos pagamentos oferece. É necessário acelerar o ritmo da mudança e reformular os sistemas de incentivos internos, premiando não os cortes de serviço, mas a recuperação efetiva de receitas.
A mensagem é clara: para as distribuidoras, é significativamente mais rentável e eficiente cobrar faturas por meios digitais do que realizar cortes no fornecimento, que são caros e arriscados.
A inovação nos pagamentos digitais, portanto, se consolida como uma ferramenta estratégica essencial não apenas para reduzir a inadimplência, mas também para impulsionar a eficiência operacional e melhorar a experiência do consumidor.
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